O papangu surgiu de uma brincadeira de familiares dos senhores de engenhos, que saiam mascarados, mal vestidos, para visitar amigos nas festas de carnaval e comiam angu, comida típica do Nordeste (agreste) pernambucano. Por isso, as crianças passaram a chamar os mascarados de papangu.
Há versões populares sobre a origem desses personagens no carnaval de Bezerros. Uma, vem de uma história muito antiga: dois irmãos que comiam muito angu, resolveram cortar as pernas das calças e cobrir o rosto com capuz para não serem reconhecidos, mas o disfarce não funcionou. Foram descobertos pela gula. Outra, é que, no século 19, os mascarados ganharam esse nome depois que uma senhora resolveu preparar angu de xerém para alimentá-los.
Antigamente o papangu tinha a máscara confeccionada com coité (cuia do fruto), cuja pintura era feita com azeitona preta, açafrão e folha de fava. Possuía chocalhos ao redor da roupa, que era enfeitada com palha de banana e na mão levava um maracá de coco seco com pedra dentro.
Atualmente, a matéria–prima usada nas máscaras é o papel colé e maché. Os papangus vestem túnicas compridas, dos pés à cabeça, colocam as máscaras para ficarem totalmente cobertos, pois a meta é se esconder, ganhando a farra sem ser identificados.
Antes de cair na folia, costumam comer angu, que é normalmente fornecido pelos moradores locais. Quando vai chegando a época próxima do carnaval, os foliões procuram confeccionar suas fantasias em segredo, para não correrem o risco de ser desmascarados antes da festa.
Em Bezerros, a cultura do papangu é vivenciada durante o ano inteiro, através das oficinas de máscaras, da culinária desenvolvida com variados pratos feitos com angu, além das oficinas de dança e música carnavalesca.
RESUMO DO CARNAVAL
O município de Bezerros é considerado como o terceiro maior polo carnavalesco de Pernambuco, a folia do papangu inicia-se nos sábados e é finalizada na quarta-feira de cinzas. Tendo no domingo de carnaval o Bloco dos Papangus, sendo este o mais conhecido que a partir das 9h da manhã, deixa a cidade lotada de foliões e papangus. Os blocos de papangus são acompanhados de orquestras de frevo e carros de sons, desfilando pelas principais ruas da cidade até a Praça da Bandeira, no Centro da cidade, quartel-general do carnaval, onde outros papangus incorporam-se à festa. Os mascarados participam ainda do concurso de Papangus, concorrendo a prêmios.
O carnaval de Bezerros, além de aquecer a economia da região, é um dos destinos mais procurados do Brasil e conhecido internacionalmente. A tradição é que os foliões brinquem o carnaval usando máscaras que são produzidas e confeccionadas pelos artesãos da própria cidade. A tradição fez com que o município ficasse conhecido como a “Terra do Papangu”. Dois artistas considerados patrimônios vivos de Pernambuco são bezerrenses: Lula Vassoureiro (artesão e produtor de máscaras) e J. Borges (cordelista e xilogravurista).